Quando Roberto Jefferson decidiu estourar a bomba relógio do mensalão, Delúbio Soares, disse ao Estadão que o julgamento não iria à frente. "Nós seremos vitoriosos, não só na Justiça, mas no processo político. É só ter calma. Em três ou quatro anos, tudo será esclarecido e esquecido, e acabará virando piada de salão."
O julgamento foi protelado e embromado por quase sete anos, mas, graças às pressões do Ministério Público e de grande parte da sociedade o STF não teve força para continuar adiando o julgamento da quadrilha do PT.
De lá para cá o mensalão tornou-se sinônimo de organização criminosa e de sistema de corrupção operado por quadrilhas políticas e empresariais que contaram com o patrocínio estatal em benefício de grupos que fazem parte ou sustentam o poder.
No momento em que o STF apronta o caminho do cárcere para José Dirceu com seu bando, o PT dá início a uma campanha suja e covarde contra o relator do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, para tentar livrar Lula das acusações de CHEFÃO DO BANDO.
A estratégia dessa camarilha é a mesma de sempre: que sempre houve desvios de dinheiro, roubo e corrupção. Evidentemente que nenhum erro pode justiçar outro, de modo que não é justo, nem correto, invocar a corrupção praticada por governos passados (PSDB) para justiçar os assaltos praticados pela organização criminosa do PT. Claro que toda e qualquer prática criminoso deve ser repudiada, denunciada e punida nos rigores da lei, sem nenhuma exceção à regra ou concessão de privilégios.
Contudo, esse julgamento é, sem dúvida, o início de um longo e doloroso processo de purgação da Nação brasileira e também será o ponto de partida da restauração de pelo menos uma parte dos valores que se extraviaram ao longo dos anos, diga-se firmemente, com a cumplicidade dos poderes e a conivência ou consentimento do povo.
Entendo o Julgamento do Mensalão como um passo decisivo no enfrentamento da impunidade consentida e legalizada por norma jurídica imperfeita. Era preciso um começo e agora é preciso que a sociedade veja claramente, com exemplos cabais, que a impunidade no Brasil não é a regra clamada pelo PT, e nem mesmo exceção à regra que envolve gente graúda, de modo que, defendo com fervor, que o intocável chefão na hierarquia do bando, o acovardado Lula da Silva, seja igualmente responsabilizado pelos crimes de corrupção e formação de quadrilha, afinal, ele atuou no enredo como CHEFE, de fato e de direito, de José Dirceu e dos demais marginais do PT que figuram no processo em curso. Defendo ainda que o Ministério Público apure e enquadre todos os donos das ratoeiras políticas, essas legendas de aluguel que continuam impunemente enchendo os bolsos no promiscuído mercado eleitoral do Brasil.
Nenhum político pode negar uma verdade: o sistema político brasileiro foi modificado centenas de vezes para permitir tudo isso e algo ainda pior: a reeleição, esse famigerado recurso de corrupção estatal que o PSDB reintroduziu no Brasil comprando os votos de quase todos os partidos da base aliada, inclusive do PT.
Eu tenho esperanças de que as decisões do ministro Joaquim Barbosa servirão de exemplos para os magistrados de todas as cortes do Brasil. Se seus exemplos de justiça justa forem seguidos, o Brasil estará, enfim, no caminho certo para suplantar a antijustiça, essa irmã bastarda da justiça e alma gêmea da impunidade tão abertamente praticada e quase sempre amparada por fundamentação legalista.
Ruy Câmara
Escritor
Otima reflexao Ruy Camara, estou repercutindo no
ResponderExcluirfacebook e no twitter. Vamos torcer para que o STF
Continue dando o exemplo como esta fazendo e nao permita que ninguem peca vistas ao processo para que os reus sejam condenados antes das eleicoes.