Há um debate antigo (na minha opinião, sem resultado prático) sobre imanência, fixidez e deformação do caráter. A psicologia do senso comum, assim como a formal, admitem que uma forma de inverter, subverter, corromper ou deformar o caráter de alguém em formação, basta lhe dar liberdade excessiva sem cobrar responsabilidade. Basta outorgar poderes soberanos a alguém já formado intelectualmente e logo aí surgirá o tirano.
Negar que o caráter pode sofrer deformações ao longo da vida, seria o mesmo que anular o efeito das emoções e das circunstâncias adversas sobre as atitudes. Quando afirmo que o caráter pode ser moldado por absorção de atributos como o conhecimento, experiência, educação e pela compreensão de limites entre direitos e deveres, estou afirmando que esses fundamentos ou ausência deles, também modelam as famílias, já que a sociedade a eles recorrem como parâmetros de modelação do caráter social de uma aldeia, vila, cidade ou Estado-Nação.
A ausência de valores humanos (éticos e morais) numa sociedade é o recurso objetivado para a prática de atrocidades. Suprimir esses valores é produzir a deformação aludida acima. A psicologia e sociologia demonstram que o rigor e o furor cotidianos de um lar podem modificar completamente a personalidade, o caráter e até mesmo a índole de alguém em formação.
Muitos confundem o caráter com personalidade, natureza e índole. Mas há diferenças, embora tênues, entre esses conceitos. A Personalidade reflete, sem dúvida, um traço marcante do caráter e está relacionada à potência da vontade, às motivações e formas de agir e às máscaras do ente que se oculta no ser que se expressa, que finge ou dissimula suas vontades ou intenções.
Aqui mesmo, no Face, pode-se perceber essas flutuações quando alguém tem vontade de se manifestar sobre um dado tema mas, racionalmente, se retrai ou tergiversa, realçando assim uma indiferença disfarçada que poderia ser chamada de insensibilidade ou mesmo de impostura.
A índole (boa, má ou sujeita às mudanças ou impulsos abruptos) tem imbricação direta com o temperamento.
Já o caráter abrange a totalidade do ser, porque expressa a junção racional, intuitiva e irracional desses conceitos de valores que estão imbricados com a moral, o senso e razão, aqui definida como algo imanente ao ser, muito embora possível de flutuações e mudanças, sejam provocadas por impulsos emocionais naturais ou por impulsos artificiais, como no caso de alguém que esteja sob os efeitos de substâncias alucinógenas.
O menino era dócil, mas um dia matou a vovozinha só porque ele lhe negou dinheiro para fumar CRACK e acabou se tornando líder de um bando de marginais.
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