Uma realidade que não nos pertence, de repente, nos é devolvida. Depois, alguém muito querido nos é roubado sem que possamos fazer nada. Quem disse que não podemos fazer nada? Claro que podemos, mesmo sabendo que a realidade é instável e que a nossa miserável razão quase nunca a suporta. De outra realidade só nos aproximamos um pouco se experimentamos outras maneiras de ver o real.
Se ousarmo ver a dura realidade, uma outra surgirá e mais outras cada vez mais próximas. É o que a realidade nos sugere, com um grito que há milênios não se cansa de ecoar. E que, ainda hoje, não aguentamos ouvir.
O insuportável é olhar para dentro do caos que borbulha no fundo da inconsciência humana. De que outra coisa sofrerá um assassino cruel e frio, senão de uma inconsciência doentia, que não se redime e não arde ante a crueldade e o martírio da próxima vítima.
Ruy Câmara
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