sexta-feira, dezembro 27, 2013

Mais um ano vazou pelo tonel furado do tempo...


Jeriquaquara - Ceará
2015 chegou ao fim, deixando nas bifurcações das nossas vidas, um rastro de lembranças e de esquecimentos que se traduzirão no NOVO ANO como experiências vividas por cada um de nós. 

Nesse ciclo em que o fim e o início de cada ano são apenas continuidade cronológica do tempo, ainda assim as nossas esperanças se renovam diante de tantas possibilidades e escolhas que podemos fazer a cada novo dia vivido. 


Mas, o que eu poderia desejar para você e para os seus entes queridos ao longo do ANO QUE SE INICIA, além de saúde sobrante; de paz de espírito e de sabedoria para desfrutar a vida sem privações? 

Eu desejo que o sol e o sal das águas lhe rejuvenesça;
que você se mantenha vivo(a), ativo(a) e produtivo(a);
que nenhum tirano ou lei impura ameace a sua liberdade;
que sua privacidade seja sempre preservada;
que tenha muita sorte nos jogos da vida;
que não perca o apetite pelas formas humanas; 

que tenha vigo para gozar nas tremuras da carne;
que não desperdice a chance de encontrar o amor;
que seus momentos felizes se prolonguem com plenitude;


Por fim, eu desejo que tenhamos sempre consciência plena da realidade e do entorno; que não repitamos os mesmos erros cometidos; que sepultemos nas valas do tempo tudo aquilo que não carece chegar ao ano novo, afinal, as lembrança e os esquecimentos do que deixaremos para trás, também servem de tônico para fortalecer o nosso corpo, a nossa alma e os nossos sentidos. 


Que tenhamos um feliz 2016! 
Ruy Câmara




segunda-feira, dezembro 16, 2013

FHC DESMANTELA AS MENTIRAS DO PT


Finalmente fez-se justiça no caso do mensalão. Escrevo sem júbilo: é triste ver na cadeia gente que em outras épocas lutou com desprendimento. Estão presos ao lado de outros que se dedicaram a encher os bolsos ou a pagar suas campanhas à custa do dinheiro público. Mais melancólico ainda é ver pessoas que outrora se jogavam por ideais – mesmo que controversos – erguerem os punhos como se vivessem uma situação revolucionária, no mesmo instante em que juram fidelidade à Constituição.

Onde está a Revolução? Gesticulam como se fossem Lenines que receberam dinheiro sujo, mas usaram – no para construir a “nova sociedade”. Nada disso: apenas ajudaram a cimentar um bloco de forças que vive da mercantilização da política e do uso do Estado para perpetuar-se no poder. De pouco serve a encenação farsesca, a não ser para confortar quem a faz e enganar a seus seguidores mais crédulos.

Basta de tanto engodo. A condenação pelos crimes do mensalão se deu em plena vigência do Estado de Direito, em um momento no qual o Executivo é exercido pelo Partido dos Trabalhadores, cujo governo indicou a maioria dos ministros do Supremo. Não houve desrespeito às garantias legais dos réus e ao devido processo legal.
Então por que a encenação? O significado é claro: eleições à vista. É preciso mentir, autoenganar-se e repetir o mantra. Não por acaso a direção do PT amplifica a encenação e Lula diz que a melhor resposta à condenação dos mensaleiros é reeleger Dilma Rousseff... Tem sido sempre assim, desde a apropriação das políticas de proteção social até a ideia esdrúxula de que a estabilização da economia se deveu ao governo do PT. Esqueceram as palavras iradas que disseram contra o que hoje gabam e as múltiplas ações que moveram no Supremo para derrubar as medidas saneadoras. O que conta é a manutenção do poder.

Em toada semelhante o mago do ilusionismo fez coro. Aliás, neste caso, quem sabe, um lapso verbal expressou sinceridade: estamos juntos, disse Lula. Assumiu meio de raspão sua fatia de responsabilidade, ao menos em relação a companheiros a quem deve muito. E ao país, o que dizer?

Reitero, escrevo tudo isso com melancolia, não só porque não me apraz ver gente na cadeia, embora reconheça a legalidade e a necessidade da decisão, mas principalmente porque tanto as ações que levaram a tão infeliz desfecho como a cortina de mentiras que alimenta a aura de heroicidade fazem parte de amplo processo de alienação que envolve a sociedade brasileira.
São muitos os responsáveis por ela, não só os petistas. Poucos têm tido a compreensão do alcance destruidor dos procedimentos que permitem reproduzir o bloco de poder hegemônico; são menos numerosos ainda os que têm tido a coragem de gritar contra essas práticas.

É enorme o arco de alianças políticas no Congresso cujos membros se beneficiam por pertencer à “base aliada” de apoio ao governo. Calam-se diante do mensalão e demais transgressões, como se o “hegemonismo petista” que os mantém seja compatível com a democracia.

Que dizer então da parte da elite empresarial que se serve dos empréstimos públicos e emudece diante dos malfeitos do petismo e de seus acólitos? Ou da outrora combativa liderança sindical, hoje acomodada nas benesses do poder?

Nada há de novo no que escrevo. Muitos sabem que o rei está nu e poucos bradam. Daí a descrença sobre a elite política reinante na opinião pública mais esclarecida. Quando alguém dá o nome aos bois, como, no caso, o ministro Joaquim Barbosa, que estruturou o processo e desnudou a corrupção, teme-se que ao deixar a presidência do STF a onda moralizante dê marcha a ré. É evidente, pois, a descrença nas instituições. A tal ponto que se crê mais nas pessoas, sem perceber que por esse caminho voltaremos aos salvadores da pátria. São sinais alarmantes.

Os seguidores do lulopetismo, por serem crédulos, talvez sejam menos responsáveis pela situação a que chegamos do que os cínicos, os medrosos, os oportunistas, as elites interesseiras que fingem não ver o que está à vista de todos. Que dizer então das práticas políticas? Não dá mais! Estamos a ver as manobras preparatórias para mais uma campanha eleitoral sob o signo do embuste.

A candidata oficial, pela posição que ocupa, tem cada ato multiplicado pelos meios de comunicação. Como o exercício do poder se confundiu, na prática, com a campanha eleitoral, entramos já em período de disputa. Disputa desigual, na qual só um lado fala e as oposições, mesmo que berrem, não encontram eco. E, sejamos francos: estamos berrando pouco.

É preciso dizer com coragem, simplicidade e de modo direto, como fizeram alguns ministros do Supremo, que a democracia não se compagina com a corrupção nem com as distorções que levam ao favorecimento dos amigos. Não estamos diante de um quadro eleitoral normal. A hegemonia de um partido que não consegue se deslindar de crenças salvacionistas e autoritárias, o acovardamento de outros e a impotência das oposições estão permitindo a montagem de um sistema de poder que, se duradouro, acarretará riscos de regressão irreversível.

Escudado nos cofres públicos, o governo do PT abusa do crédito fácil que agrada não só os consumidores, mas em volume muito maior, os audaciosos que montam suas estratégias empresariais nas facilidades dadas aos amigos do rei. A infiltração dos órgãos de Estado pela militância ávida e por oportunistas que querem se beneficiar do Estado distorce as práticas republicanas.

Tudo isso é arqui-sabido. Falta dar um basta aos desmandos, processo que, numa democracia, só tem um caminho: as urnas. É preciso desfazer na consciência popular, com sinceridade e clareza, o manto de ilusões com que o lulo-petismo vendeu seu peixe. Com a palavra as oposições e quem mais tenha consciência dos perigos que corremos.

Artigo "Sinais preocupantes", de Fernando Henrique Cardoso, publicado em vários jornais nacionais neste domingo, 01/12/2013.

O FIASCO DO VOTO FACULTATIVO NO CHILE

Na minha opinião, mais uma vez o CHILE fez a escolha certa ao eleger Michelle Bachelet, em primeiro lugar porque ela, além de séria e capacitada, é muito mais experiente do que Evelyn Matthei; e em segundo lugar porque, ao optar pela ruptura com o continuísmo, o eleito chileno promove a alternância do poder, que é um importante fundamento da democracia política. 

Contudo, o sistema eleitoral que permite o voto facultativo tem demonstrando que não agrega valor algum à democracia, uma vez que permite a uma minoria mínima decidir pela imensa maioria. 

Nas eleições presidenciais de hoje no Chile, a abstenção chegou a 60%. Ou seja, Bachelet foi eleita com 62% dos votos dos 40% dos eleitores que compareceram às urnas. 

Atualmente o Chile tem aproximadamente 18 milhões de habitantes e 13,4 milhões de eleitores. Bachelet obteve apenas 3,3 milhões de votos. Isso significa que somente 18,3% da população decidiu o destino dos 81,7% restantes. 

Claro está que a abstenção elevada produzida pelo voto facultativo não legitima a democracia e muito menos valida a vontade da maioria, que é o fundamento mais sólido da democracia política.

segunda-feira, novembro 25, 2013

Carta de Ênio Mainardi para Dilma


Ênio Mainardi é um conhecido publicitário brasileiro, pai do comentarista, Diogo Mainardi (do Programa Manhattan Connection - GNT).




Você tem câncer. Igual a mim. Os médicos dizem que estamos curados, que a químio funcionou… Mas nós dois sabemos que quem tem câncer é para sempre.

Nenhum exame pode garantir nada. A doença, depois de instalada, fica dentro de nós, só esperando uma chance para ressurgir. É assim o câncer. 

O PT também, para mim, é um câncer definitivo. O Lula, você, o PT… todos com câncer. O Brasil está canceroso. Cada político corrupto é um canceroso do PT, do PMDB, do PSDB ou dos outros 37 partidecos que mamam na Pátria Gentil, corrompidos pelas barganhas de tempo na TV, do fundo partidário, das negociatas que eles perpetram, ávidos. Essa gente ruim acaba com nosso futuro, nossas esperanças. E os malditos sindicalistas. Os aparelhados. Os empreiteiros. Vocês não vão desaparecer nunca, sabemos disso. Não tem quimio, não tem veneno de rato que acabe com a raça de vocês. São como baratas sobreviventes mesmo depois de uma explosão nuclear. 

O Stalin era do PT, o Hitler, também petista. O Chávez. Mussolini. Nero queimando Roma. Uma linhagem infinita de descendentes de Caim. Ninguém sabe como um petista aparece. No caso da doença câncer, propriamente dita, tem o fator stress. E os alimentos com pesticida, a genética. E a própria falta de fé na humanidade. Fé em Deus, na justiça divina. No caso de vocês, petistas, tudo leva ao câncer. A ganância pelo poder, a corrupção, a necessidade de compensar suas fragilidades espirituais, morais e éticas com o exercício da força bruta, do oportunismo que só busca vantagem para si próprio. Vocês são do Mal. E, portanto, eternos. 

De vez em quando penduram um Mussolini pelo pescoço, enforcado numa praça pública. Ou matam um Pol-Pot a pauladas. Um parco consolo. Você, Bruxa Odiada, ainda não se tocou daquilo que é. Você tem a caneta - mas não a cabeça. É uma serva do PT, qualquer dia o Lula vai te mandar lavar uma privada do Planalto, sem luvas. Ou te mandar trancar o processo de enriquecimento duvidoso - dele e de seu filho. De outro lado, não dá para esperar que você melhore seu QI.

Se eu fosse psiquiatra eu te diagnosticaria como sendo uma psicótica que costuma atravessar os limites da sanidade mental dez vezes ao dia. Então só nos resta lutar duramente contra você e contra todos os petistas do mundo, seja os da bandeira vermelha ou não. Talvez tenhamos até que usar um fuzil automático AR-15, igualzinho aquele com que você se deixou fotografar nos tempos da guerrilha. 

O consolo é que se câncer não pode ser extinguido - pode ser controlado, reduzido a quase nada. Aqui no Brasil, duvido que seja pelo voto. Outra hipótese é que o (a) canceroso (a) possa morrer depressa. Doença existe é para isso.

http://blogdoescritorruycmara.blogspot.com.br/2013/11/carta-de-enio-mainardi-para-dilma.html

segunda-feira, novembro 11, 2013

EM CASA DE ENFORCADO NÃO SE PODE FALAR DE CORDA



Eric Snowden, o ex-agente duplo infiltrado na Booz Allen Hamilton Inc, um jovem delator e também ladrão de metadados do Serviço Secreto americano, prestou um grande desserviço ao seu país e fez um grande favor à comunista, Dilma Rousseff, promovendo-a à porta-voz dos governos falsamente indignados com as bisbilhotices dos E.U.A.

Dilma ganhou manchetes na imprensa internacional externado o seu repúdio artificial às práticas de espionagem dos E.U.A, mas não teve a dignidade de agradecer ao seu colega Obama, pelo favor que ele fez de avisá-la sobre o que somente os tolos não sabem: que todos os países do mundo têm os seus serviços de espionagem atuando, inclusive o Brasil.

Preocupada com a situação de um governo carcomido pela corrupção, Dilma foi aconselhada por Lula a desmarcar o encontro com o presidente Obama nos E.U.A e ela o fez, não por um gesto de grandeza moral, mas com vergonha da própria máscara, tanto que logo mudou o tom do seu discurso, ou melhor, da farsa discursiva, ao ser avisada de que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) vinha espionando, não só a embaixada dos Estados Unidos em Brasília; mas também diversos agentes do serviço secreto francês (suspeitos de envolvimento com a explosão da base espacial de Alcântara, no Maranhão; vinha bisbilhotando a vida dos diplomatas da Rússia, do Irã, do Iraque; e também as falcatruas na Petrobras e no próprio governo Dilma. 

Como na casa de enforcado não se pode falar de corda, Dilma voltou à cena com uma desculpa muito pálida: a Abin não fez espionagem, mas apenas contraespionagem. Noutras palavras Ela, Dilma, cometeu o despautério de afirmar outra tolice ainda maior: que a espionagem brasileira é legítima, já a dos americanos não! 

Em verdade, tanto Dilma, quanto o seu ministro da "injustiça", Eduardo Cardoso, oportunizaram as delações do ladrão de metadados do Serviço Secreto americano para justificar um plano petista ainda mais perigoso do que simplesmente espionar; o plano de controle social, que exige antes a aprovação de leis de controle da internet. 

Eu não quero nem imaginar o que seria do Brasil e dos brasileiros nesses tempo de PT se a Abin tivesse pelo menos a terça parte do orçamento da NSA do E.U.A, mas ainda assim pode-se deduzir que o controle social é o objetivo real dessa gente do PT; é essa a questão central que está em jogo: controlar a web e a vida individual dos internautas brasileiros, notadamente a vida dos adversários do PT.

Ruy Câmara
Escritor

terça-feira, outubro 29, 2013

GOVERNOS MILITARES


No Brasil há comunistas dignos e honrados, mas esses formam uma minoria sem voz no rol dos muitos comunistas e socialistas lacaios que se locupletam da Nação brasileira, ocupando cargos fictícios, forjando contratos milionários nos ministérios, embolsando propinas vultosas nas estatais, traficando armas, drogas e desviando dinheiro público para os paraísos fiscais, ou ainda recebendo altos salários sem trabalhar. São esses patifes (sem exceção) que andam repetindo que os militares implantaram no Brasil uma ditadura. 

De uma tacada eu desmantelo essa falácia fajuta: Ditadura? Ora, durante 21 anos de contra-revolução comunista o Brasil foi muito bem governado por 6 presidentes, todos eles honrados, probos, cônscios do ofício e comprometidos com o bem estar da Nação e do povo brasileiro. E nenhum deles enriqueceu no poder; nenhum deles deixou posses e haveres roubados da nação para seus herdeiros. Todos morreram como cidadãos comuns, de classe média ou menos. 

Mas a patologia que afeta a mente obtusa desses comunistas de araque chega ao ponto de leva-los a defender o REGIME MORTAL E TIRÂNICO de uma ilha sucateada e empobrecida onde os dinossauros da família CASTRO exploram às escâncaras MÃO DE OBRA MÉDICA ESCRAVA e ainda por cima estão há mais de 50 anos no poder, MATANDO, MENTINDO, REPRIMINDO, PERSEGUINDO adversários, ROUBANDO e praticando todas as patifarias ideológicas ensinadas por MARX em nome do famigerado comunismo. 

Como falar em DITADURA, se Castelo Branco ficou no poder por apenas 2 anos e 11 meses? Costa e Silva ficou somente 2 anos e 5 meses; a Junta Governativa durou apenas 60 dias; Médici (o grande Médici) moralizou o Brasil durante 4 anos e 5 meses; Gaisel impulsinou a máquina de produção nacional durante 5 anos cravados e Figueiredo governou por 6 anos. 

Não sinto falta dos governos militares, mas sinto falta, muita falta, do respeito pelo alheio; da responsabilidade com os negócios públicos; da ordem social e do progresso que o Brasil conquistou em todas as áreas, notadamente na EDUCAÇÃO PÚBLICA, SAÚDE PÚBLICA, SEGURANÇA PÚBLICA, INFRAESTRUTURA ENERGÉTICA, VIÁRIA, URBANA, INDUSTRIAL; áreas tão bem contempladas e que ainda hoje não foram superadas pelos governos subsequentes. Bastaria citar uma ITAIPÚ, para inutilizar os 10 anos de NADISMO REALIZADO e DE DESGOVERNO dessa petralhada estúpida e irresponsável que tomou o Brasil de assalto com mentiras, roubos e promessas que jamais se cumprirão. 



SOBRE A POLÊMICA INÚTIL DAS BIOGRAFIAS DE OPORTUNIDADES

Sinceramente, não tenho uma opinião formada sobre esse debate inútil envolvendo a publicação ou não de biografias não autorizadas de gente famosa. 

Na condição de autor e de biografo-ficcional do genial, Lautréamont (um jovem poeta decadente que se matou aos 24 anos) não tenho o mínimo interesse debiografar nenhuma dessas beldades midiáticas, nenhuma, sem exceção.

Os famosos do Brasil ou de qualquer outro país, podem ficar totalmente despreocupados em ralação ao meu ofício de escritor comprometido com a boa literatura, pois nem por muito dinheiro, nem por muito prestígio ou fama, eu me daria à pachorra de escrever sobre essas beldades que andam por aí deslumbradas com a fama que conquistaram.

E para ser conciso, deixo aqui um registro sumário sobre o tema: nenhum desses vultos me interessa, muito menos me interessa bisbilhotar suas vidinhas. Prefiro aproveitar meu tempo de escrituras ocupando-me com os vultos geniais que edificaram a literatura com L maiúsculo, todos renegados e esquecidos na cauda do tempo.

Quem ouviu falar de JEREMIAH BEN ZACARIAH? Ninguém, com certeza, mas é esse o personagem central do meu próximo romance, obra que me furtou apenas 8 anos de trabalho diuturno.

quarta-feira, outubro 02, 2013

FIASCO RETUMBANTE DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

A USP, a única universidade do Brasil que aparecia entre as 200 melhores do mundo, despencou 68 casas no ranking universitário do (Times Higher Education), passando do 158º lugar em 2012 para o grupo de 226º a 250º lugar.

A Unicamp também despencou, passando do 251º a 275º lugar (em 2012) para 301º a 350º lugar.

Os Estados Unidos, tão caluniados e invejados por gente dessa esquerda xenófoba e idiotizada, continuam dominando o ranking, colocando simplesmente 77 universidades no rol das 200 melhores do mundo.

O que Dilma/Lula, com toda essa petralhada escroque e lacaia, tem a dizer sobre o fiasco retumbante da educação brasileira?

Ruy Câmara

O TROCA-TROCA DOS SALTIMBANCOS DA POLÍTICA DO CEARÁ



As notícias dão conta de que os membros da OLIGARQUIA, FERREIRA GOMES DE SOBRAL, mais uma vez mudaram de partido, o fazendo, não por vontade própria, mas porque o governador Eduardo Campos (dono do PSB), forçou a debandado do bloco ao negar a legenda que Ciro Gomes queria, não para apoiar Dilma (como vem pregando por aí) mas para lançar a própria candidatura à presidente do Brasil, na vaga que será deixada por Dilma em 2014.

Quem conhece o oportunismo e a capacidade de traição dos oligarcas de Sobral sabe que, se eles tivessem o controle do PSB, nessas alturas os nomes de Aécio Neves, Marina Silva e Dilma/Lula seriam os alvos prioritários dos seus ataques oportunistas.

Vimos esses mesmos filmetes nas duas últimas eleições (2010 e 2012), quando Ciro, Cid e Cia Gomes se aliaram ao PT de última hora para banir Tasso Jereissati da vida pública (a quem devem tudo o que conquistaram na política) e recentemente romperam com a aliada, Luizianne Lins, e a isolaram no PT para garantir a hegemonia política da família no comando dos negócios públicos do Ceará. 

Com tantas mudanças de partido, Cid e Ciro Gomes tornaram-se, verdadeiramente, os mais miméticos e ilusórios camaleões da política ordinária e oportunista que se alastra pelo Brasil. 

Ciro começou sua carreira de político SALTIMBANCO no PDS, sucessor da velha e caluniada ARENA, partido dos generais da contra-revolução de 64 que livrou o Brasil do comunismo.

Em 1983, Ciro viu um buraco e entrou no PMDB (partido que chamou de ajuntamento de ladrões).

Em 1988 abriu a porteira e passou para o PSDB, atraído pelo magnetismo dos lendários, Mário Covas, Fernando Henrique, José Serra, Tasso Jereissati e outros vultos da política nacional. 
Em 1996, Ciro saltou para o PPS, partido sob o comando do ex-comunista, Roberto Freire. 
Em 2003 Ciro e Cia Gomes romperam com o PPS e arrancharam-se no PSB, partido aliado do PT e infestado de socialistas de araque.
E agora, por não dispor de legenda partidária para disputar com Aécio e Dilma, Ciro foi instado a deixar o PSB pela porta de fundos. 

Como não há partidos no Brasil sem dono, Ciro, Cid & Cia Gomes estão ingressando na mais nova legenda de aluguel da praça, o PROS, criada de última hora para facilitar o troca-troca partidário nesse promiscuído mercado político brasileiro. Esse é o quadro cromático dos camaleões da política tupiniquim e rastaquera do Ceará, políticos capazes de tudo para levarem adiante o sonho sonambúlico e deletério de ampliar seus CURRAIS ELEITORAIS para se tornarem LATIFUNDIÁRIOS DO BRASIL. 

É certo que nas próximas eleições esse SALTIMBANCOS DA POLÍTICA LOCAL quererão tomar o PROS para eleger alguém do seus bando e, se não for possível dominar a legenda, trocarão novamente de partido. A pergunta é: que partido quererá abrigar os oligarcas saltimbancos que a cada eleição muda de aliados, de partido, de discurso e de caráter? 

Ruy Câmara

Nota:


Saltimbanco: Designa um grupo de farsantes, malabaristas, bufões, falastrões, fimâmbulos, arlequins, mentirosos, politiqueiros ou atores nômades que vão de um povoado a outro fazendo exibições de circo em troca de dinheiro, aplausos, comida ou hospedagem.







PDS (1979 - 1983)




PMDB (1983 - 1988)




PSDB (1988 - 1996)




PPS (1996 - 2003)




PSB (2003 - 2013)




PROS (2013-)




QUAL SERÁ O PRÓXIMO EM 2016?





quarta-feira, setembro 18, 2013


O STF, a mais alta Corte de Justiça do Brasil, está raquítica e com um dos pratos pendidos pelo desequilíbrio moral da balança. Como já era esperado, o STF decepcionou o Brasil e desmoralizou a si mesma ao remover do próprio horizonte os mais sólidos fundamentos de justiça, que é fazer justiça-justa. 

Lewandowsk (que atuou muito mais em defesa da quadrilha do que como magistrado) juntamente com o suspeitosíssimo, Dias Toffoli, com os novatos, Luís Roberto Barroso, Teori Zavascki, Rosa Weber,  e Celso de Mello, aceitaram juntos os famigerados embargos infringentes e garantiram um novo julgamento aos 12 réus do Mensalão, todos condenados anteriormente pelo próprio STF, por crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e outros ainda mais graves.

À pretexto de legalismos jurídicos, Celso de Mello liquidou a fatura do MENSALÃO friamente e de quebra, concedeu aos marginais o direito de permanecerem livres, impunes e felizes com seus crimes por toda a restante eternidade. 

Os senhores togados do STF, com algumas exceções, estão com a cara do PT e suas decisões escancararam as portas para a endemia da impunidade sem cura, sem remédio e sem controle. 

Joaquim Barbosa e seus colegas, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Marco Aurélio, perderam a guerra moral para a quadrilha e o Povo brasileiro perdeu todas as esperanças na Justiça. 

Doravante o STF, instância que afeiçoou-se à ANTI-JUSTIÇA, será lembrada como SALVADORA DOS TRAMBIQUEIROS FEDERAIS, cuja sigla, STF, é sinônimo de SODALÍCIO DAS TRAPAÇAS FEDERAIS.

Ruy Câmara
Escritor


RECURSOS DO MENSALÃO

    Arte/UOL
  • Clique na imagem e saiba como cada ministro votou nos recursos dos réus

quarta-feira, agosto 14, 2013

DAVI X GOLIAS


CID GOMES x HEITOR FERRER

O governador, Cid Gomes, chamou de “desonesto da política cearense” o único deputado de oposição ao seu governo; o único que não se vendeu em troca de cargos e outras formas de cooptação, tão em voga naquele parlamento rastaquera, tupiniquim e rendido ao autoritarismo da oligarquia Ferreira Gomes de Sobral. 

As críticas de Cid Gomes foram motivadas pelos questionamentos legítimos de Heitor sobre os gastos do Governo do Estado. Cid disse que a atitude de Heitor era típica “de gente miúda”. “Sou miúdo mesmo, mas na estatura física”, respondeu Heitor, que disse ter 1,61m de altura.

Cid havia dito também que Heitor “vai ser eternamente deputado”, porque as pessoas sabem reconhecer “oportunismo”. Sobre isso, Heitor afirmou que “tem muito orgulho de ser deputado estadual” e lembrou que Cid e seus irmãos Ciro e Ivo Gomes (ambos do PSB) também já foram deputados. “O governador está dizendo que ser deputado é coisa pequena, não vale nada. Tenho um orgulho enorme de ser deputado estadual”, disse Heitor. 

Heitor Férrer (PDT) rebateu, da tribuna da Assembleia Legislativa, as críticas feitas nos seguintes termos: “Desonesto mesmo é o governador ter montado um esquema de empréstimo consignado para enriquecer o genro do chefe da Casa Civil, Arialdo Pinho. Isso sim é desonesto. Desonesto, governador, é você ter contratos no Estado para enriquecer amigos”, disse Heitor.

E não parou por aí: “Desonesto é ter patrocinado o escândalo dos kits sanitários. Desonesto é embarcar sua sogra em avião pago pelo
povo do Ceará para fazer turismo na Europa. Desonesto é sair do território cearense, enganando a população, dizendo que vai tratar de assuntos de interesse do Ceará na Europa e na Coreia, e tira férias. Desonesto é dar aos que morrem de sede no Ceará água contaminada com fezes”, acrescentou.

Ainda vai, provocar o baixinho, governador? Heitor Ferrer, sozinho é uma rebelião e é maior e mais robusto, moralmente falando, do que todos os membros da oligarquia de sobral. 



EMBORA COM VERGONHA DE ASSUMIR, CID GOMES RECONHECEU QUE O GOVERNO DO PT DEU UM CANO NO CEARÁ

Ora, o que se pode esperar dos governos petistas além de fraudes, mentiras, corrupção e roubo direto no caixa da Nação? Faço oposição ao PT e aos petistas desde que vi, pela 1ª vez, aquela bandeira amaldiçoada nas ruas do ABC. Nunca acreditei no Lula e em nenhum petista, e não há exceção à regra. Não reconheço no PT um único sujeito decente e muito menos confiável. Ao PT, com seus bandos de delinquentes de estimação, interessam uma única coisa: a chave dos cofres da nação e nada mais. 

Contudo, faltou e falta postura e compostura de estadista ao governo do Ceará. Deixou-se por diversas vezes ser enganado com pirulito de enganar menino tolo pelos profissionais do crime, da mentira e da corrupção, de nomes Lula e Dilma. O governo do Ceará é tão ingênuo que se vendeu e se rendeu, de graça, repito, de graça, às mentiras mais cabeludas de Lula e novamente de Dilma. Se tivesse esse governo negado apoio a esses canalhas do PT, essa gente escroque e lacaia já teria aberto os cofres para o desenvolvimento do Ceará. 

Perdemos 10 anos ouvindo promessas e mentiras. Cadê a refinaria da Petrobrás? http://www.youtube.com/watch?v=C9Z0beFVygc 


Cadê a transposição das águas do velho Chico?

Cadê o estaleiro naval? 

Cadê a Transnordestina? 

Cadê o metrô de Fortaleza concluído, obra que se arrasta há 22 anos e já levou para o ralo mais de 20 bilhões? 

Cadê, cadê, cadê? Tudo mentira desses patifes e a gastança continua para gáudio deles mesmos...

Ruy Câmara

quinta-feira, agosto 08, 2013

O FUTURO DO LIVRO

Sou otimista em relação aos avanços tecnológicos e mais ainda em relação aos seus benefícios em todas as instâncias da vida, por isso mesmo não tenho a mínima preocupação com o futuro ou mesmo o fim dos conteúdos impressos.

Muitos escritores, editores e agentes têm manifestado as suas preocupações diante das perspectivas que antecipam o fim do livro no formato convencional, ou seja, impresso nas gráficas com tinta sobre papel. 
É verdade que ainda há aqueles que afirmam a plenos pulmões que, apesar das transformações que estão ocorrendo no mundo editorial, o livro de papel jamais será substituído. Essa certeza me faz lembrar
de um velho amigo que passou 20 anos resistindo bravamente a trocar a sua velha máquina de datilografia pelo computador e hoje, esse mesmo autor já não sabe como é possível alguém escrever um livro sem os recursos dos editores de textos.

De fato eu não me preocupo minimamente com essas transformações porque a história desse objeto, que civiliza com palavras, é uma história de transformações sucessivas de técnicas e de formatos. Apenas para ilustrar, bastaria dizer que os primeiros livros da humanidade foram gravados em pedras, um século depois foram gravados em argila moldada e com o invento da tinta extraída da madeira e dos minerais, os livros passaram a ser escritos em pergaminhos e no couro curtido dos animais.

Ora, do couro ao papiro egípcio se passaram séculos e até serem prensados em papel, na maquina de Gutenberg, a humanidade esperou pelo menos dois mil anos. 

No início dos anos 2000 o livro foi encontrando uma nova forma de ser publicado, de ser vendido, de ser transportado, de ser lido e até de ser guardado, não nas bibliotecas imensas, mas nas memórias quase invisíveis do instrumentos que estão dependuradas nos satélites. 

Sem dúvida o livro digital veio para ficar, porque é uma forma limpa, leve, econômica e rápida de ser disponibilizada, sem contar
que é ecologicamente benéfica, já que dispensa, não só uma pesada cadeia produtiva, mas também dispensa madeira, tinta, transporte e todo o aparato industrial e logístico que tanto tem afetado a natureza e o meio-ambiente. 

Quem poderia calcular quantos zilhões de árvores são cortadas por ano no planeta, apenas para atender à demanda mundial de livros, cadernos, revistas, jornais e outros bens de consumo intelectual?

Aos que alegam a dificuldade de adaptação do leitor à tela digital eu diria que tal preocupação já está completamente superada, já que tem amparo numa simples questão de mudança de hábito, afinal, o hábito ou o apego às técnicas tradicionais nunca resistiram às inovações. Tanto é verdade que as crianças, jovens e até os idosos de hoje já não têm nenhuma dificuldade diante da tela. 

Diante de tantos avanços, podemos antever que cada ano ao longo da década em curso será marcado por transformações radicais dos
paradigmas editoriais vigentes (desde a lógica vigente de seleção de autores e de obras, aos métodos produtivos, comerciais, logísticos e de marketing) e tais mudanças implicarão transformações positivas, não só de comportamento e hábitos individuais, mas de métodos pedagógicos coletivos e de políticas públicas culturais e educacionais. 

Há 5 anos era praticamente impossível imaginar um estudante situado num município paupérrimo do interior do Ceará acessando livremente os acervos das mais importantes Bibliotecas do mundo.

Atualmente isso é perfeitamente possível, graças às tecnologias que possibilitaram o surgimento do livro no formato digital, um formato irreversível, indestrutível, de fácil manuseio e de baixíssimo custo. 

Ademais, não há limite de espaço físico para comportar as narrativas ou histórias no formato digital. Nessa dinâmica, os livros digitais poderão incorporar inclusive as demais linguagens áudios-visuais (com sons reais e imagens cinéticas) como partes integrantes ou complementares de uma obra literária. 

O texto digital (no formato e-book, e-reader, nook, kindle e suas variantes) são apenas o início de um novo ciclo desse bem humano que se chama livro; um ciclo universal que vem modificando radicalmente tudo o que atualmente continua sendo impresso no formato convencional (jornais e revistas), tornando esse bens acessíveis a todos os povos e nações do planeta, em todas as línguas e linguagens, a um custo mínimo para o bolso dos leitores e menor ainda para a natureza.  

Ruy Câmara
Escritor




REFLEXOS NA IMPRENSA

A leitura digital através da web tem sido um fator decisivo para as transformações que estão ocorrendo na imprensa mundial. Recentemente o Washington Post, um dos mais influentes jornais dos EUA, pertencente à família Graham há mais de 80 anos, foi vendido por U$ 250 milhões para o dono do Amazon.com, Jeff Bezos, o 19º na lista da Forbes; dono de uma fortuna estimada em 25.2 bilhões de dólares, e o principal responsável pela queda de leitores e de anunciantes da mídia impressa tradicional.

Caberia perguntar a Jeff Bezos o que motivou um homem da área syber a comprar um jornal que imprime em papel, mesmo estando ciente de que, a migração de leitores para a internet e outras mídias digitais é a causa real da derrocada do Washington Post nos EUA, com a perda de 40% da receita nos últimos cinco anos.

Pelo mesmo motivo, dias atrás o mais poderoso grupo jornalístico dos EUA, o New York Times, vendeu o Boston Globe por 70 milhões de dólares e a tradicional revista semanal, Newsweek, está sendo vendida para a International Business Times, uma empresa de notícias online que acabou de concluir o seu processo de publicação para o formato digital. Sem contar que várias outras publicações menores estão fechando as portas ou mudando de dono ou simplesmente migrando seus conteúdos para a internet.

Cabe perguntar também, por que motivo os jornais brasileiros ainda não fecharam suas portas?

A resposta é simples: em grande parte os jornais brasileiros são mantidos com generosas verbas públicas (verbas do contribuinte desatendido em todas as suas demandas sociais), dando como reciprocidade seu apoio aos políticos corruptos que manipulam os orçamentos Federal, Estadual e Municipal.






domingo, julho 28, 2013

MOBILIDADE X OBSTRUÇÃO

MOBILIDADE X OBSTRUÇÃO

Não bastassem as obstruções dos petistas e dos bandos de saqueadores que passaram uma década no poder municipal atrapalhando a modernização e o desenvolvimento de Fortaleza, agora aparecem no Cocó uns NATURALISTAS EXALTADOS e uns TOLOS INTEGRADOS, manobrados por burocratas de mentalidade estreita, empenhados na tarefa de impedir a CONSTRUÇÃO DE VIADUTOS tão necessários para amenizar a caótica situação do transito nas avenidas Antônio Sales e Engenheiro Santana Júnior, no Cocó. 

Fortaleza já foi severamente punida pela atrofia petista, portanto, chega de petismo, de parasitarismo, de politicagem barata, de intervencionismos legalistas, de burocratas oportunistas, de manobrismo da massa, de inação gerencial e de acomodação governamental, porque a cidade Fortaleza precisa recuperar uma década perdida, de atraso e de nadismo realizado durante a fracassada e corrupta gestão da petista Luizianne Lins. 

É tempo de trator, de guindastes, de betoneiras e de trabalho diuturno para dotar a cidade do que a sociedade precisa, notadamente nas áreas finalísticas de assistência humana e também das obras de infraestrutura viária e de mobilidade urbana. 

http://www.opovo.com.br/app/opovo/politica/2013/07/27/noticiasjornalpolitica,3099753/spu-libera-reinicio-de-obras-de-viadutos-no-coco.shtml

quarta-feira, julho 24, 2013

Ossip Mandelstam


O COMUNISMO, disfarçado de socialismo, mais do que todas as pestes ou hecatombes, é o flagelo maior que já se abateu sobre o homem desde o início dos tempos. 
(Ruy Câmara)



Ossip Mandelstam, poeta russo, sentiu na carne, na alma e nos sentidos os flagelos impostos pelo comunismo, numa época atroz e assassina que já caiu no esquecimento das novas gerações. Seus anos de sofrimento nos cárceres são narrados de forma magistral na obra, De Mandelstam para Stálin, graças à pena do escritor, Robert Littell.



Brindarei o leitor com um fragmento tocante de um dos seus poemas mais singelos, escritos antes da sua morte, em 1938, num hospício-prisão na gélida Sibéria, onde estive recentemente:



Eu não podia sentir no nevoeiro
Tua imprecisa imagem de ansiedade,
Oh meu Deus, foi o sussurro que primeiro
Me saiu do peito bem contra vontade.

A imagem de Deus, como um pássaro grande,
Do meu peito a voar se despedia!
À minha frente paira uma névoa espessa,
Atrás de mim ficava uma gaiola vazia...

quinta-feira, julho 18, 2013

Cristian Góes, o Dreyfus Sergipano


Desde a ascensão do PT ao poder, a imprensa, o STF, o CNJ, a OAB e diversas outras instituições nacionais vêm denunciando as tramas e os atentados sistemáticos contra a nossa raquítica democracia, contra os direitos e garantias individuais, contra a liberdade de imprensa e de expressão, e até contra algumas cláusulas pétreas da Constituição Federal. 

As denúncias, que até bem pouco tempo eram apenas ameaças potenciais, agora já se constituem reais, como podemos constatar a partir dos fatos ocorridos recentemente em Sergipe, envolvendo o jornalista sergipano, José Cristian Góes, autor da CRÔNICA LITERÁRIA FICCIONAL, intitulada, Eu, o coronel em mim, cujo texto original, publicado no seu blog no dia 29 de maio de 2012, motivou a notitia criminis confiada à 3ª Vara Criminal de Aracaju; notitia esta oferecida ao mui prestimoso Ministério Público de Sergipe, pelo vice-presidente do Tribunal de Justiça daquele Estado, desembargador Edson Ulisses Melo, quem, por uma coincidência do destino ou por méritos pessoais ou ainda por circunstâncias criadas por força do nepotismo político vigente no Brasil, é duplamente cunhado, tanto do presidente do mesmo Tribunal de Justiça, desembargador Cláudio Déda, quanto do governador de Sergipe, Marcelo Déda, do PT, responsável pela escolha e nomeação, pelo quinto constitucional, do então advogado, Edson Ulisses Melo, empossado pelo cunhado no cargo de desembargador. 

Como a 3ª Vara Criminal declinou da competência em virtude de tratar-se de infração de menor potencial ofensivo, o “Processo Criminal Nº 201245102580” foi ancorado na vara da juíza, Brígida Declerc, do Juizado Especial Criminal de Aracaju, e numa rapidez sem precedentes na história das condenações no Brasil, no dia 22.03.2013 iniciou-se a instrução do feito e no dia 04.07.2013 a sentença foi prolatada e resolvida, isso graças ao empenho do Juiz substituto, Luiz Eduardo Araújo Portela, dando ganho de causa ao desembargador, Edson Ulisses Melo, simplesmente por haver ele se sentido atingido e ofendido em sua honra com uma expressão contida no texto, “jagunço das leis” e por isso mesmo pediu a prisão do Dreyfus sergipano por injúria e crimes correlatos previstos no Art. 140, caput c/c Art. 141, II e III, ambos do código Penal. 

Para que os leitores e as autoridades brasileiras possam entender a gravidade do caso, peço respeitosas venhas ao jornalista, José Cristian Góes, para reproduzir aqui a crônica de sua autoria que motivou uma atrocidade jurídica perpetrando à revelia dos interesses do Povo Brasileiro, por vontade de um juiz substituto e mais ainda de um desembargador da GLORIOSA, CEGA, SURDA E MUDA JUSTIÇA de Sergipe. Leiam, por favor, a crônica e retornaremos seguir! 

Eu, o coronel em mim
Mando e desmando. Faço e desfaço

Está cada vez mais difícil manter uma aparência de que sou um homem democrático. Não sou assim, e, no fundo, todos vocês sabem disso. Eu mando e desmando. Faço e desfaço. Tudo de acordo com minha vontade. Não admito ser contrariado no meu querer. Sou inteligente, autoritário e vingativo. E daí? 

No entanto, por conta de uma democracia de fachada, sou obrigado a manter também uma fachada do que não sou. Não suporto cheiro de povo, reivindicações e nem conversa de direitos. Por isso, agora, vocês estão sabendo o porquê apareço na mídia, às vezes, com cara meio enfezada: é essa tal obrigação de parecer democrático.

Minha fazenda cresceu demais. Deixou os limites da capital e ganhou o estado. Chegou muita gente e o controle fica mais difícil. Por isso, preciso manter minha autoridade. Sou eu quem tem o dinheiro, apesar de alguns pensarem que o dinheiro é público. Sou eu o patrão maior. Sou eu quem nomeia, quem demite. Sou eu quem contrata bajuladores, capangas, serviçais de todos os níveis e bobos da corte para todos os gostos.
Apesar desse poder divino sou obrigado a me submeter às eleições, um absurdo. Mas é outra fachada. Com tanto poder, com tanto dinheiro, com a mídia em minhas mãos e com meia dúzia de palavras modernas e bem arranjadas sobre democracia, não tem para ninguém. É só esperar o dia e esse povo todo contente e feliz vota em mim. Vota em que eu mando.

Ô povo ignorante! Dia desses fui contrariado porque alguns fizeram greve e invadiram uma parte da cozinha de uma das Casas Grande. Dizem que greve faz parte da democracia e eu teria que aceitar. Aceitar coisa nenhuma. Chamei um jagunço das leis, não por coincidência marido de minha irmã, e dei um pé na bunda desse povo.
Na polícia, mandei os cabras tirar de circulação, pobres, pretos e gente que fala demais em direitos. Só quem tem direito sou eu. Então, é para apertar mais. É na chibata. Pode matar que eu garanto. O povo gosta. Na educação, quanto pior melhor. Para quê povo sabido? Na saúde... se morrer “é porque Deus quis”.

Às vezes sinto que alguns poucos escravos livres até pensam em me contrariar. Uma afronta. Ameaçam, fazem meninice, mas o medo é maior. Logo esquecem a raiva e as chibatadas. No fundo, eles sabem que eu tenho o poder e faço o que quero. Tenho nas mãos a lei, a justiça, a polícia e um bando cada vez maior de puxa-sacos.
O coronel de outros tempos ainda mora em mim e está mais vivo que nunca. Esse ser coronel que sou e que sempre fui é alimentado por esse povo contente e feliz que festeja na senzala a minha necessária existência.
José Cristian Góes.

Ora, pelo simples fato de haver escrito e publicado a crônica ou conto ficcional acima, narrado por um personagem anônimo, genuinamente literário, de forma confessional e na 1ª pessoa, entificando um coronel vingativo, poderoso, truculento (a figura lembra muito mais Josep Stalin, o troglodita do Kremlin nos seus temos diabólicos, do que um coronel nordestino), o autor desse texto intimista, mesmo sem haver feito citações de nomes, nem de locais, muito menos de datas ou circunstâncias, foi denunciado, acusado, processado e condenado a cumprir 7 (sete) meses e 16 dias de prisão. 

A absurda sentença, que mereceu uma onda de protestos da sociedade sergipana, logo foi comutada em prestação de serviços comunitários, rendeu 32 laudas de escassos elementos processuais (denúncia, defesa prévia, oitivas, tipificação) e começa com a seguinte transcrição literal dos autos: Consta dos presentes autos que, no dia 29 de maio de 2012, o denunciado publicou matéria matéria jornalística no site da Infonet, de ampla circulação e divulgação nesta Cidade, ofendendo a dignidade e o decoro do Desembargador Edson Ulisses de Melo, ao lhe atribuir o termo “jagunço das leis”, identificando-o como marido da irmã do governador do Estado de Sergipe, a quem se dirigia a matéria jornalística.

Ora, o Direito não é o discurso do poder, portanto, não pode ser usurpado ou subvertido para servir de tenazes contra os corpos ou consciências em benefício de forças políticas ou econômicas dominantes. A supracitada transcrição dos autos (tal como consta nos processos infames de Stalin contra o poeta russo, Ossip Mandelstam, perseguido, espicaçado e eliminado após décadas de sofrimento nos Gulags), é igualmente injuriosa em sua totalidade, passiva inclusive de reparação posterior, pois, ao contrário do que puseram nos autos contra a honra do jornalista condenado, é possível que se levante a tese de que, quem de fato cometeu injúria foi a acusação, como verá o leitor na versão degravada da oitiva do desembargador: 

“Que o declarante tomou conhecimento através de um telefonema feito pelo Dr. Clóvis Barbosa, indagando se o declarante tinha lido um artigo num blog do Sr. Cristian. Que o declarante disse que não, pois não costuma ler esses blogs… Que ele disse para o declarante ler para ver o que estava escrito lá, pois havia uma agressão forte ao declarante…. Que o declarante foi ler o artigo, que tinha sido publicado. Que o declarante realmente constatou que o que estava sendo dito ali era realmente com o declarante, porque, do exposto naquele artigo, que claramente se reportava ao governador, que era tido como coronel, constava lá que além de reportar que o coronel tinha a justiça na mão, tinha a polícia na mão, quando queria, mandava chamar, mandava bater, fazer e acontecer, e dizia mais assim: quando ele quer dar um pé na bunda, chama o jagunço das leis. Que daí veio realmente a identificação: esse jagunço das leis, não é por acaso que é casado com a irmã do coronel. Que se admitir, no raciocínio do declarante, que aquela referência escrita ali era com o governador, que Sergipe só tem o desembargador, que era o suposto jagunço, conforme ele afirmou, é casado com a irmã do governador. Que o declarante viu que o artigo tinha posto carteira de identidade, CPF e DNA da pessoa que ele estava querendo atingir, que é o próprio declarante, que só tem um desembargador casado com a irmã do governador, o suposto jagunço, que era Edson Ulisses.” (Depoimento do Desembargador Edson Ulisses).

O testemunho induz o leitor a entender que o desembargador, movido por comentários de amigos, apegou-se ao texto e nele viu-se a si próprio, entificado numa figura ficcional e admitiu que o perfil e as ações do truculento e vingativo coronel na narrativa, referem-se a ele próprio, corporificado naquele ente literário fictício.

Evidentemente que o fenômeno translúdico, pode ocorreu por acréscimos semióticos ou por símiles absorvidas a partir do que não foi dito, ou ainda porque o leitor viu-se na carapuça de um personagem ficcional e desse modo, com ele se identificou, inclusive com os atributos de verossimilhança que saltam da ficção para uma dada realidade. 

Nikolai Gogol, Fiódor Dostoiéviski e Boris Pasternak foram vitimas desse fenômeno translúdico e da mordaça imposta pelo kremlin, de onde o tirano condenava as almas tão bem retratadas nos clássico universais, Almas Mortas, Crime e Castigo e na obra ficcional que rendeu um Novel a Pasternak, Dr. Jivago. 

Referi-me os autores russos, perseguidos pelos comunistas, para dizer que, se uma acusação estapafúrdia como essa vier a se tornar jurisprudência nos tribunais do Brasil, todos os autores, escritores, poetas, cronistas, contistas, dramaturgos, roteiristas, novelistas diretores e jornalistas do Brasil, poderão ser acusados e levados aos cárceres da censura judiciária, bastando para tanto que alguém com influência nas cortes apresente uma acusação de que seu perfil biográfico se encaixa no bojo de um texto ficcional ou que sua honra fora maculado, e então o autor do texto poderá ser alcançado pelo arpão do autoritarismo legalista, podendo este ser condenado à prisão (tal como se faz nos regimes vermelhos totalitários) com base numa mera suposição de verossimilhança (como é o caso em foco); podendo ainda o autor ser forçado a pagar penas pecuniárias em favor da truculência e da inconstitucionalidade que ora se pretendem legal e soberana no Brasil.

Na condição de escritor de obras de ficção e de leitor habituado às longas jornadas do pensamento dos autores universais, apresento-me voluntariamente, de boa-fé e com plena convicção quanto a imparcialidade das minhas afirmações (pois não conheço nenhum dos envolvidos na lide), para afirmar que, não encontrei no texto literário do jornalista, José Cristian Góes, uma única frase que possa induzir o leitor a produzir ilações ou ideações capazes de denotar ou de conotar difamação ou ofensa à honra “subjetiva” do desembargador Edson Ulisses Melo, e muito menos contra a honra do seu cunhado, governador Marcelo Déda, do PT, repita-se, responsável por sua escolha e nomeação, com o recurso do quinto constitucional, para o cargo de desembargador. 

Afirmo ainda, perante qualquer instância ou tribunal imparcial do planeta, que não encontrei nessa crônica uma única palavra capaz de apontar um ínfimo de prova injuriosa contra quem quer que se sinta atingido ou ofendido, por mais privilegiado que se presuma, nem mesmo indiretamente. Afirmo ainda não encontrei no texto aludido uma única metáfora capaz de levar uma autoridade ou um cidadão comum a engendrar um fio ínfimo de conexão da narrativa literária com as suposições lúdicas ou de realismo forçado, invocadas pela denuncia. Tal conexão inexiste, porque não se pode ler, honestamente, um texto por acréscimos e dele se extrair o que nele não está escrito, nem mesmo que os leitores recorram à mais frágil, débil e corrompida noção de verossimilhança. 

Entretanto, no preâmbulo que embasa a sentença absurda e desamparada de legalidade, o magistrado inseriu, por acréscimo do que no texto não pode ser lido, o seguinte juízo: Do texto escrito e tido por fictício pelo jornalista acusado, visualiza-se a extrapolação da liberdade de manifestação, já que ofende a honra de terceiro. Ao veicular e induzir que o Desembargador seria um “jagunço das leis”, deu a entender que ele estaria a serviço do Governador do Estado, botando em credibilidade não só o exercício funcional da vítima, mas descredibilizando todo o Poder Judiciário.

Ora, diante das elucubrações dos depoimentos das testemunhas, tomados como prova criminal, ouso afirmar, que não pode haver liberdade de expressão num Estado com uma estrutura jurídico-política instalada sob os pilares do nepotismo. Se houvesse liberdade de expressão como alude o sentenciante, não haveria de se falar aqui em crime quando, comprovadamente, não houve violação de nenhuma norma penal por parte do jornalista, nem mesmo da gramática que nos favorece com tantos recursos linguísticos e estilísticos, de modo que, a extrapolação textual e real de liberdade de manifestação aludida no preâmbulo acusatório, não pode ser atribuída ao autor da crônica ficcional, e sim ao julgador do mérito, conquanto este afirma que o réu, ao veicular e induzir que o desembargador seria um “jagunço das leis”, descredibilizou todo o Poder Judiciário.

Data maxima venia de quem pense de modo diverso, a afirmação do sentenciante é uma aberração jurídica, deixando à luz de um olhar desarmado, que o juiz cometeu excesso de juízo, pois não há tal citação na crônica, nem mesmo que se faça uma extrapolação subliminar no texto. Ademais, é consenso entre os juristas respeitáveis do país que o fundamento da Justiça é fazer justiça-justa, ou seja, só pode ser considerado imparcial e justo um julgamento, quando o magistrado fundamenta a sua decisão recorrendo ao acervo probatório existente nos autos. 

E quais são as provas concretas de injúria constantes nos autos, senão o que sequer fora escrito no texto? Mas, mesmo assim, algumas testemunhas de acusação, dentre as quais constam nomes ligados (como carne e unha) ao esquema político no poder, entenderam, por suposição, por superposição lúdica ou por acréscimos semióticos, que a crônica atingiu a honra do desembargador. 

É certo que o sentenciante leu os depoimentos, tomou-os como provas e, no fã de atender a uma demanda formal do Parquet pela condenação do jornalista, ultrapassou os limites processuais e entrou no mérito litigante em defesa da parte mais forte (a quem está ligado institucionalmente), tanto que deitou no processo a seguinte afirmação: … Não há como atacar a credibilidade de investidura do Desembargador, embora sendo cunhado do Governador, pois teria sido bem eleito pela OAB e o mais votado pelo pleno do Tribunal, e que a indicação do governador normalmente acompanha a vontade da maioria. 

Para um observador sensato, está claro que o sentenciante quis realçar os méritos do desembargador dizendo que ele concorreria pelo quinto constitucional em igualdades de condições com os seus concorrentes, mas não justificou o objetivo dessa intromissão inoportuna e descabida na lide. Isso evidencia a vertente de tomada de parte.

Aqui não carece dedução, nem que se acrescentem palavras, e muito menos que se aponte uma luz na escuridão hermenêutica dos enunciados processuais para que as mentes desarmadas percebam no descontexto das interpretações invertidas, e tomadas como válidas, uma vertente forçada e categórica do jusnaturalismo, que para muitos autores respeitáveis, significa a prevalência da vontade do mais forte sobre o mais fraco.

Seguramente, foi por esse motivo que a defesa do acusado ergueu a tese do prejulgamento da lide, tese que haverá de ganhar vigo, qualidade e consistência nos tribunais de apelação, notadamente quando for demonstrado pela defesa o seguinte:

1. Que a condenação foi decidida em apenas 4 (quatro) meses após a instrução;

2. Que é válido arguir que, em havendo, nos autos, razões objetivas que demonstrem ter o magistrado perdido o indispensável distanciamento dos interesses em jogo na disputa processual, é de se reputá-lo suspeito;

3. Que o juiz substituto pareceu magoar o principio do contraditório ao aceitar, do lado ativo do processo, um Parquet tão inteiramente comprometido com o pretenso direito subjetivo da acusação inicial;

4. Que paira sobre as sombras desse processo a fundada suspeição de parcialidade do julgador, afinal, se a parte alegou razões objetivas para não crer na imparcialidade do julgador, é de rigor que o Estado de Direito o assegure que o processo seja presidido por outrem;

5. Que é cristalina a exacerbação do juízo de admissibilidade de culpa do jornalista, admissibilidade que induziu de imediato o prejulgamento de uma demanda suprareal, que tem como prova material (pasmem senhores juristas honrados do Brasil) uma crônica ficcional, e como prova imaterial única de um crime que não se consumou, nem mesmo ficticiamente, o subjetivismo intencional da acusação;

6. Que os esforços interpretativos das testemunhas de acusação não bastam para provar o animus injuriandi, nem mesmo que tenham conseguido fazer as elucubrações mais verossímeis entre os personagens de uma ficção, com aqueles que na vida real vestiram a carapuça ou foram caricaturados por terceiros;

7. Que a decisão do juiz pautou-se na vertente mais estéril do Direito, ou seja, na negação completa de provas objetivas e, por falta destas, validaram como provas as ilações, suposições e deduções, e o fizeram a partir de um fio de intersubjetividades interessadas que foram se aderindo a um sistema de compreensão totalmente dependente de fatores externos ao Direito, tais como: a situação política de um estado que tem o Poder Executivo e o Poder Judiciário controlados por membros da mesma família; a motivação das testemunhas arroladas, cujos depoimentos acabaram perspassando - indo e vindo – para a dimensão política local; e as formas de cooptação e de controle repressivo da imprensa, essas conhecidas fórmulas silentes que objetivam retirar do jornalista a sua autonomia intelectual e moral, ou algo que pode e deve estar no seu domínio, como por exemplo: a informação, a capacidade e a coragem de exercer interferências críticas contínuas sobre a consciência social, notadamente em um estado precarizado em ofertas de serviços públicos de qualidade, e controlado por políticos que muitas vezes pretendem conformar o pensar, o sentir e o agir da sociedade, como é o caso de Sergipe e do Brasil nos tempos que correm. 

Poder-se-ia arguir o sentenciante acerca do motivo pelo qual ele, entronado como juiz-substituto, transpôs a juíza titular da Vara e inseriu nos autos o seguinte juízo: A juíza, em sua decisão de fls. 58/61, não avançou além dos limites que lhe são deferidos, mas apenas elencou os motivos que a levou a entender pela existência de indícios de autoria e materialidade, referindo-se às provas dos autos, sem emitir qualquer juízo de certeza acerca da autoria do crime. 

E neste ponto a que chegamos, peço venha para cuidar do fundamento literário, que foi precariamente considerado nos autos, e inicio afirmando que a crônica ou o conto em foco, é, verdadeiramente, a única prova material que embasa a inutilidade desse ato de acusação, e a condenação imposta pelo sentenciante, a partir do fato causador da demanda, no caso, o texto literário e o depoimento de quem se sentiu atingido, constituem, como afirmou Émile Zola no seu célebre J’ accuse, um prodígio de iniquidade capaz de envergonhar até mesmo aqueles que gostariam de condenar um autor por meio de ato jurídico imperfeito. 

O ato condenatório em foco é imperfeito porque ignora que a Prosa, assim como a história e os compêndios processuais, são estruturas quase sempre possíveis de traduções para outros sistemas semióticos, sendo o mais vulnerável aquele sistema destituído de uma fronteira clara entre a arte e realidade. 

Ao lermos ficção, significa aceitarmos um acordo prévio e tácito, no qual as palavras dão sentido a uma infinidade de fatos e ações dramáticas que aconteceram, estão acontecendo ou vão acontecer no solo ficcional. Se há ou não proximismo entre uma peça de ficção e um fragmento de realidade, pelo menos aceitemos que a ficção têm a função suprema de realçar o tumulto concreto e real da experiência humana, conquanto o modo como aceitamos os fatos ficcionais, não diferem tanto de como aceitamos os fatos reais. 

Afirmo isso com conhecimento de causa porque, numa obra de ficção, a noção de verdade não é questionada pelo leitor, enquanto que no mundo real, muitas verdades são lúdicas, transitórias e movediças. Os discursos contraditórios do ex-presidente Lula da Silva (ora ataca um adversário, ora a ele se alia) são bons exemplos de verdades lúdicas e transitórias para seus eleitores e no entanto, se ele se sentisse ofendido pelas verdades verdadeiras que circulam na web, não haveria espaços nos tribunais do Brasil para tantos processos. 

Inobstante as luzes já lançadas sobre a escuridão do processo em foco, afirmo que é preciso que haja uma cumplicidade entre autor e leitor para que a literatura cumpra a sua função. Umberto Eco defende que as intenções das ações literárias durante a leitura são construídas muito mais pelo leitor do que pelo autor, e é desse modo que a cumplicidade se completa. Citarei apenas dois exemplos metafóricos para ilustrar melhor a questão:

1. Certa manhã, ao despertar de sonhos agitados, Gregor Samsa se viu transformado num inseto gigantesco. Ou acreditamos nisso, ou temos de jogar fora toda a Metamorfose de Kafka.

2. As testemunhas fingem que dizem a verdade, e a audiência finge que as confissões e narrativas são verdadeiras. Se alguém acredita em tais testemunhas, resta-nos acreditar também que a imaginação amplia os sentidos porque o real e muito restritivo.

Nesse aspecto, há consenso entre os autores de que, o que caracteriza um texto ficcional é a sua função estética, e essa função que faz com que as pessoas o interpretem a seu modo, de acordo com as suas abstrações, percepções, vontades ou capacidades intelectuais. Ora, motivar o leitor a interpretar um texto literário de acordo com os seus contextos intelectuais e morais, é a função primordial da literatura, e é para esse fim que literatura existe. 

Mas, se por ventura pairar alguma dúvida sobre o enunciado, convém que se olhe para esse acúmulo de fatos, patifarias e desmandos reais que vão ocorrendo cotidianamente à grande velocidade, num proximismo que beira o absurdo, e então poder-se-á ver como nenhuma ficção seria capaz de comportar ou de reproduzir fielmente tantos episódios que degradam a vida social real. 

E agora, falando aos iniciados mais enrijecidos quanto a existência de um hiato entre ficção e jornalismo e a influência de ambos na configuração do real, sugiro que retomemos os estudos teóricos ou científicos mais respeitáveis, ou mesmo os compêndios da História Universal, e tentemos separar no conteúdo das objetivações e das representações narrativas, o que é tomado por real, daquilo que é ficção do autor. 

Logo aí veremos que a História, mesmo sujeita às mais frias análises, comporta audazes fabulações, manobras, acréscimos, conveniências, pois que é composta de palavras ordenadas, e de sequências de fatos, feitos e desfeitos dramáticos, repartidos em espaços, tempos e categorias, os quais, numa ação recíproca das intenções intelectuais, vão delineando os perfis dos heróis, suas proezas e mentiras, e é natural, nessa formidável máquina de sedução, que alguém saia do mundo real para um mundo ficcional ou vice-versa, quando então é possível que se atinja situações mentais em que a sua credulidade ou incredulidade muitas vezes cai por terra. 

Ademais, mesmo que o autor assumisse ingenuamente a culpa pelo fato de alguém haver transplantado sua crônica ficcional para o plano real, de modo que a acusação conseguisse visualizar a carapuça de algum personagem transitando nas fronteiras desses dois mundos (da ficção e o mundo real), é cabal essa ligação entre o desembargador, Edson Ulisses Melo e o governador, Marcelo Déda (PT), ligação que se completa, não penas pela obviedade da relação familiar (são cunhados entre si), mas pela relação institucional concreta, pois o primeiro representa o poder executivo, e o segundo representa o poder judiciário daquele Estado, poderes que podem, sim, eventualmente se promiscuírem por excesso de representação familiar (no Brasil há centenas de exemplos) e por isso mesmo podem ser criticados pela imprensa e pelo contribuinte, inclusive citando nomes, datas e circunstâncias, afinal, tanto o desembargador, Edson Ulisses Melo, quanto o governador Marcelo Déda (PT), são funcionários públicos muito bem remunerados com o dinheiro do contribuinte. Destarte, o acusado é jornalista e o jornalismo é uma alternativa à versão estatal de tudo que possa repercutir no seio da sociedade, alternativa que deveria ter garantia do seu espaço para expressar o pensamento crítico em qualquer situação ou contingência.

A condenação do Dreyfus sergipano corre o mundo e foi qualificada pela Reporters Without Borders como uma insanidade judicial” que insulta os princípios básicos da Constituição Democrática de 1988” ou no original: It is a judicial insanity that insults the basic principles of the 1988 democratic constitution.

Por se tratar de uma condenação em primeira instância, com certeza será reformada e anulada, podendo o jornalista recorrer às instâncias superiores e às Cortes Internacionais de Direitos Humanos, afinal, o sentenciante ignorou solene o Regime Constitucional da Liberdade de Imprensa como reforço das liberdades de manifestações do pensamento, de informação e de expressão em sentido genérico, de modo a abarcar os direitos à produção intelectual, artística, científica e comunicacional. 

Eu concluo a minha participação modesta em defesa da Democracia, do Direito, da Justiça-Justa, da liberdade de idéias, de pensamento e de expressão, contradizendo a raquítica abordagem hermenêutica feita às avessas pelo julgador da lide sobre “liberdade, literatura, crime e castigo”, parafraseando um despacho  exemplar, do ilustre Desembargador Federal, Dr. Paulo Roberto de Oliveira Lima, assentado nos autos de um processo de Execução de Suspeição de um juiz federal, nos seguintes termos: O juiz não tem o dom da ubiqüidade, de aí por que, aquele que passa a atuar como parte, deixa vazio o lugar de juiz. 

Portanto, diante das flutuações jurídicas, das múltiplas interpretações de juízo, da ausência completa de provas sólidas (a prova é como uma seta, ou atinge o alvo, ou perder-se-á nas profundezas das consciências) e também em respeito aos princípios constitucionais que embasam a Democracia, a Justiça e a dignidade humana, entendo eu que o sentenciante tinha o dever republicano de fazer prevalecer no seu julgamento tempestivo e inconsequente, um ancestral fundamento do Direto, que alude e expressa um dos princípios jurídicos mais sólidos, o da presunção da inocência, in dubio pro reo, de cujo sentido exato é: na dúvida, a favor do réu
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Ruy Câmara é romancista, dramaturgo e sociólogo, autor de:

CANTOS DE OUTONO, o romance da vida de Lautréamont, Ed. Record; traduzido e publicado em 58 países 

THE LAST SONGS OF AUTUMN - The Shadowy Story of the Mysterious Count of Lautréamont 

LES DERNIERS CHANTS d'AUTOMNE: La Vie Mystérieuse et Sombre du Comte de Lautréamont 

CANTOS DE OTOÑO, Novela de la Vida de Lautréamont 

CANTECE DE TOAMÑA 

Literary Prizes
Jabuti Prize 2004 - First Finalist - Brazilian Book Chamber
Prize for Fiction-Brazilian Letters Academy - Best Novel - 2004
Prize for Translation - Writers' Association of Bucharest - 2009

Site Oficial do Autor: www.ruycamara.com.br